segunda-feira, dezembro 08, 2008

No shopping...

Caminhava pela avenida meio sem rumo. Tentando achar o que fazer, pensando na vida e no quão simples ela poderia ser se realmente quisesse. E nem precisaria se esforçar muito para isso. Entrou no shopping como que empurrado por uma força maior que ele, isso porque nem queria comprar nada, nem tinha muito que fazer ali. Olhou as vitrines, sentiu o cheiro de flores que vinha de uma loja de perfumes, lembrou de coisas que achava que estavam enterradas para sempre. Ficou saudosista de repente. E da mesma forma, assim de repente, enxergou ela do outro lado do corredor.
Não se lembrava quando tinha sido a última vez que tinham se visto, nem o que sentira, nem como tinham se afastado de tal modo que sequer se cruzavam na grande rede, quando ficavam até de madrugada perdendo tempo com coisas à toa.
Sentiu o coração disparar, sem que isso fosse esperado. Já não tinham mais nada a ver, era o que achava, já tinham passado várias outras mulheres em sua vida depois dela, e nunca mais sentira saudade. Mas ali, parado no meio de desconhecidos, olhando para ela tomando sorvete displicentemente, como se fosse dona do tempo, seu coração parou uma vez mais. Suas pernas bambearam e sentiu tanto medo que não conseguiu sair do lugar. A saudade veio de tal forma que só sentiu uma vontade absurda de abraçá-la e dizer que nunca a esqueceu em todos esses anos passados. Estava linda, mais mulher, mais dona de si do que nunca, e percebeu que não sabia de mais nada dela. Nem como estava, nem pelo o que tinha passado, nem se continuava a mesma.
Entristeceu, pois não estava ali do seu lado ajudando a terminar aquele sorvete, que tomado por ela, parecia melhor do que na realidade deveria ser.
Respirou fundo, olhou para o chão e pareceu que tudo que tinha vivido até ali não fazia nenhum sentido. Criou coragem, mas não o suficiente para se fazer notar. Deu meia volta, deixou para trás toda a turbulência de sentimentos que o haviam acometido no espaço daquele minuto. Foi embora sem olhar para trás, sem se deixar levar pelo seu coração que queria saltar pela boca e prometeu a si mesmo que nunca mais entraria naquele shopping novamente.

10 comentários:

Xavier disse...

Pelo amor de Deus, vc sabe que eu sou curiosa!

Quem vc esbarrou no shopping?


Bjus

Ray disse...

Já me senti assim quando a vi tbm... e nós nunca tivemos nada, a ñ ser a minha fantasia e a saudade daquilo que ñ foi vivido, mas desejado... mais ou menos como vc escreveu naquele post.

Aloha!

Bill Falcão disse...

Se não me engano, é o primeiro conto que leio seu, Amanda!
E também o primeiro onde você usa uma outra pessoa como protagonista.
O que é bom, mostra que você tá experimentando outras formas de escrita.
E, também aqui, percebo aquele "sentimento real" que tão bem você nos transmite nas "narratias reais".
Preciso dizer que gostei muito?
Bjooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!

Bill Falcão disse...

"NarratiVas reais"!!! Desculpe!
Bjooooooo!!!!!!

Anônimo disse...

Nossa! Que amor arrebatador!!
Tô com blog novo e gostaria q vc fosse lá!
Bjs!!
=1

Jaya Magalhães disse...

Dos melhores textos que já li aqui, dona Manda! Pode aplaudir? Clap clap clap. (:

O mais engraçado foi que tua narração desse "ele", ocorreu semana passada, do lado de cá, num outro ambiente.

O caso é que até agora eu não senti direito o que aconteceu comigo, apesar de tão claramente como você, ter delineado a reação dele...

Beijocas nocê.

P.S.: E aí? Já acabou a faculdade, caran? Me avisa pra gente tomar um porre juntas. Haha. :D

Anônimo disse...

Amanda, Amanda, Amanda!
Coragem pouca é covardia muita, ou vontade pouca, ou medo muito! Não sei. Mas podia ter sido uma história diferente, né?! Apesar de que eu gostei bastante desta. Bem que ele podia ir ao shopping de novo... rsrs Vai que tudo tem que ter final feliz, mesmo? rsrs

Beeeijo

Laura Bourdiel disse...

Nossaaaaa... que texto mais lindo!
Porque as pessoas tem tanto medo das outras sem sequer saber a reação dela? Só a raça humana mesmo...

¡besitos!

O Antagonista disse...

Acho que isso já aconteceu comigo, mas quando era adolescente. Com o passar dos anos, a gente aprende que na vida são poucas as "segundas chances", portanto, é sempre bom estar atento aos acasos que podem mudar nossas vidas. Ou não!

Valeu.

Carlos Howes disse...

Até sei quão frustante pode ser essa sensação de não conseguir completar algo que se queria por conta de uma insegurança....