segunda-feira, abril 06, 2009

Tempo Perdido

As garrafas jogadas em um canto da sala displicentemente.
Um meio sorriso bobo e bêbado de quem não sabe mais que rumo tomar. Dormir ou tentar limpar a bagunça? Só não podia acordá-la. Isso estava fora de cogitação. Tentaria fazer o possível para não estragar seu sono. Já tinha estragado coisas demais naquela noite.
Sentou-se em sua poltrona favorita e tentou continuar a leitura de um de seus vários livros que guardava na estante. Leu a mesma frase cinco vezes e quando percebeu que não conseguiria continuar mesmo, jogou o livro em um canto da sala.
Olhou fixamente o relógio como se aquilo pudesse fazer com que o tempo passasse mais rápido.
Pensou em sua vida até aquele momento. Em sua infância, a adolescência irresponsável, a juventude que trouxe tantas coisas boas, seu casamento, seus filhos já formados e casados, sua vida tão simples e comum havia passado diante de seus olhos sem que percebesse, e agora parecia tarde demais para se lamnetar de qualquer coisa que fosse.
Se sentiu sozinho, abandonado, errado no mundo mais que qualquer coisa. Louco por mais uma dose de conhaque para tentar afogar seus erros e medos antes que o sol despontasse na janela.
Quanto mais pensava mais agustiado ficava. O tic-tac do relógio ecoando em sua cabeça. O mundo se esquecendo dele e ele se esquecendo de tudo.
Fechou os olhos e sem que notasse adormeceu.

9 comentários:

Bill Falcão disse...

Sobrou uma dose aí pra mim??
Bjoooooooo!!!!!!!

alex e! disse...

...primeiro, Amanda, fico muito feliz de ver que os textos-estórias por aqui voltaram!!! E justamente com um tão bom, pois a própria estrutura cadenciada nos faz, de certo modo, "mergulhar" na monotonia paradoxalmente confusa do personagem, perdido entre garrafas vazias, trechos de livros, a arbitrariedade das horas e tudo o mais de referências a que tentamos nos apegar quando, do alto (ou baixo...) de um porre, temos a certeza de que as ilusões definham no que um dia pensamos ser objetivos, e tudo que é objetivo, também, perde um pouco o sentido. Talvez de fato reste apenas adormecer e, na vigília, esperar pelo sol, verde de esperança...

bju pra ti.......

Xavier disse...

Esse final me fez lembrar Alexander Pope...

Gosto de ler textos assim...

Bjos e td de bom!

Thaís disse...

Bonito! x)

l u a * disse...

olha só, que bom você na minha casa. MESMO.
eu vinha aqui sempre, acho que até me meti a comentar, uma vez, duas. gosto do teu jeito de escrever, gosto dos (5 mil) templates.

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eu não sei mais quem escreveu o que. eu tava lendo no trabalho hoje, e não sabia. adorei, isso. de misturar assim. sei da minha frase, que foi a primeira. sei de uma dele. MAS, te deixo descobrir. (:

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tento não pensar no tempo, tenho tanto medo de ele me dar uma rasteira. e tenho medo de nunca ser velhinha e já me sentir assim. velha. enfim.


ps. fui olhar no e-mail e me surpreendi com uma frase minha, no entrevírgulas.

Bruno disse...

oi. gostei do teor alcoólico, no texto.

me explica... o que fez sentido?
beijo.

Elton Alves do Nascimento disse...

Belo texto, muito melancólico e que provoca uma certa reflexão a respeito da depressão que todo mundo pelo menos uma vez na vida vive.

Vinicius Kmez disse...

O proprio diario de um bebado..

Achei digno e me senti dentro dessa tua historia..
Como se estivesse escrevendo algo ocorrido comigo mesmo a tempos atras..

;*

Carlos Howes disse...

Nem o seu corpo suportou a overdose mental.

Você escreve coisas próximas das pessoas, acho que por isso tanta gente comenta aqui.

Beijo.